O cenário pandêmico que assola o país, certamente esbarra nos desafios enfrentados pelos empresários e empreendedores em manter-se alinhados às determinações legais – que sofrem constantes alterações– sem prejudicar interesses próprio e/ou de terceiros e, principalmente, sem comprometer o futuro da empresa.
De modo geral, as questões tributárias – como a regularidade no pagamento dos tributos – e trabalhistas – como a contratação e demissão dos empregados com menor risco possível – são os pontos mais preocupantes com relação ao cenário jurídico da empresa, os quais devem, de fato, serem observados com cautela.
Contudo, há outro ponto de extrema valia que vem sendo postergado pelo setor empresarial e que, igualmente às questões anteriormente mencionadas, pode colocar em xeque a saúde financeira do empreendimento, o qual que diz respeito ao relacionamento da empresa com seus clientes e fornecedores.
Embora seja uma questão aparentemente simples, a inobservância da forma como esse relacionamento tem sido realizado possui um potencial devastador dentro das empresas, que podem causar o travamento do mercado e até mesmo culminar no encerramento do negócio.
Por isso, de partida, propõe-se o seguinte questionamento: como está sendo gerenciado o seu relacionamento com seus clientes e fornecedores?
Para ajudá-lo a definir melhor essa resposta, importa-nos destacar alguns aspectos de gerenciamento que, se presentes no seu negócio, podem ser possíveis geradores de conflitos e que, então, precisam ser rapidamente observados (e modificados) para a manutenção de vida saudável da sua empresa, sendo eles: (i) a celebração de acordos meramente verbais; (ii) a falta de clareza nas obrigações de cada parte, e (iii) o gerenciamento de conflitos de maneira indevida e/ou xucra.
Tendo em vista que a primeira (e principal) intenção dos empresários é, em síntese, a obtenção de lucros, tanto no início do empreendimento quanto no decorrer do amadurecimento do negócio, acordos vão sendo fechados e obrigações vão sendo assumidas, sem que o empresário, por um simples descuido, conheça suas expansões e seus potenciais riscos.
A celebração de acordos meramente verbais, por exemplo, pode ser vista como um aspecto possível de conflito, a curto, médio e/ou longo prazo, já que a inexistência de manifestação expressa de vontade das partes, pode culminar, dentre outros, na quebra de acordo, entrega de produto indesejado e/ou fora do prazo, inadimplemento, sem que haja a efetiva possibilidade de exigir o cumprimento das obrigações pactuadas verbalmente.
Decorrente a isso, tem-se, ainda, que a falta de clareza nas obrigações de cada um, seja quando da celebração de acordos escritos mal redigidos ou como consequência do acordo meramente verbal, constatando-se a ausência de documento que defina o que de fato cada um deve fazer, a inexistência de aplicação de penalidade dentro dos limites legais, etc., que podem acarretar em perda financeira para um dos dois lados (quando não a perda do cliente!).
Como resultado desses dois aspectos, tem-se o gerenciamento de conflitos de forma indevida.
Diante de um problema, a tendência é a busca do Poder Judiciário para a resolução desses empasses, passando a análise de toda via negocial e ensejando, inevitavelmente, em desgastes e despesas absolutamente desnecessárias acaso a relação comercial tivesse se dado de forma segura e precisa.
Todos esses aspectos culminam no aumento desnecessário de ações judiciais, na perda da reputação da empresa frente ao mercado, na perda de clientes e, com efeito, na estagnação e/ou até no esgotamento da razão primordial do negócio, que, como dito, é a obtenção de lucros.
Significa dizer, então, que na vida empresarial, o mal gerenciamento de uma relação que, à primeira vista, parecia ser simples, pode custar caro para a empresa e até mesmo comprometer seu futuro.
Por essas razões, é indispensável a atuação de um corpo jurídico capacitado a cuidar preventivamente e atentamente das questões empresariais que aparecem no dia a dia de cada negócio, sejam elas relacionadas aos desafios intrínsecos ao momento excepcional em que vivemos, como as que envolvem a gama tributária e trabalhista, ou, ainda, as que dizem respeito às relações comerciais comuns da empresa, como o gerenciamento dos negócios junto aos clientes e fornecedores.
A melhor maneira de manter a empresa ativa, com saúde financeira e prospecção de futuro, é, sem dúvidas, cuidar preventivamente das questões negociais e jurídicas, mediante acordos sólidos e conscientes e definições estratégicas que possam maximizar o lucro/economia dos custos com eficiência e segurança.
Fernanda Ewelyn Beltram